O controle de peso é um processo sistêmico que envolve uma série de diferentes fatores. Controlar o peso de uma pessoa envolve estabelecer uma estratégia equilibrada e efetiva para um estilo de vida saudável, incluindo a nutrição, as atividades e o apoio externo. Além de necessitar mecanismos para conseguir um feedback apropriado e criar responsabilidade para as ações da pessoa, a estratégia para um controle de peso efetivo inclui um plano de nutrição, um plano de atividades, apoio do grupo e um conjunto de ferramentas efetivas para fazer as mudanças apropriadas nos hábitos alimentares e em outros comportamentos associados ao peso.
Os Vigilantes do Peso identificaram sete questões chaves associadas aos aspectos comportamentais do controle de peso.
- Identificar suas metas e expectativas.
- Aprender a pensar realisticamente.
- Enfrentar o comer fora de controle.
- Controlar o comer emocional.
- Lidar com as situações sociais.
- Conseguir envolver os outros na sua perda de peso.
- Lidar com os platôs e as recaídas.
Um segundo grupo de questões comportamentais aparece assim que o indivíduo atinge sua meta de peso e fica tentado em mantê-la como um novo peso "básico". Alguns dos desafios que aparecem durante o período de manutenção incluem:
- Permanecer motivado.
- Conseguir apoio.
- Lidar com os descuidos.
- Controlar o estresse.
- Lidar com as sensações. (medo, vulnerabilidade, e desapontamento)
Os princípios e as técnicas da PNL foram aplicados com sucesso para ajudar as pessoas a controlarem seu peso e ajustarem seus hábitos alimentares com mais eficiência.
Estabelecer objetivos "bem formulados", por exemplo, é um aspecto essencial para alcançar qualquer estado desejado. A primeira condição para um objetivo bem formulado é que ele deve ser expresso em "termos positivos". Um dos aspectos mais desafiantes do controle de peso é que as pessoas tendem a definir suas metas em termos negativos. Isto é, elas pensam em termos como "perder" peso e "não comer". Isso as coloca numa posição de constante fuga. Toda a atividade delas se torna ‘afastando-se de’, ao invés de ‘em direção a’ alguma coisa.
Objetivos expressos numa linguagem como "perder peso", "parar de comer tanto", "se livrar das gorduras e dos doces", "evitar os quilos", etc., são conhecidos na PNL como "negativos embutidos". Ao dizer para alguém, por exemplo, "nos próximos 30 segundos não pense num elefante azul", isso, paradoxalmente, focaliza a atenção dele precisamente no que você está pedindo para a pessoa evitar. (A única maneira de não pensar num elefante azul por 30 segundos é pensar em alguma outra coisa.) A linguagem do controle de peso é cheia desse tipo de pressuposições negativas (ou "vírus de pensamento"). Infelizmente, muitas intervenções tradicionais para o controle de peso são orientadas para a luta contra a comida, as sensações e o próprio corpo da pessoa. Isso pode aumentar o sentimento de culpa e a luta que a pessoa experimenta, e até mesmo estabelecer "profecias autorrealizáveis" negativas. A PNL ajuda as pessoas a mudarem essas potenciais afirmações embutidas de negativas para positivas, tal como "alcançar a minha meta de peso", "ter um corpo saudável", "ser magro e ativo... comendo nutritivamente", etc. Logo que um objetivo bem formulado for estabelecido, a pessoa pode identificar os diferentes níveis de recursos necessários para ir rumo ao seu estado desejado.
Na perspectiva da PNL Sistêmica, o controle de peso é um processo multinível envolvendo fatores em vários níveis diferentes de mudança:
- Fatores ambientais: por exemplo, "Existem muitos doces em casa. Preciso esvaziar o meu armário e conseguir o apoio da minha família."
- Fatores comportamentais: por exemplo, "Eu como muito e não me exercito o suficiente. Preciso estabelecer hábitos mais saudáveis."
- Capacidades: por exemplo, "Eu não sou capaz de tomar boas decisões sobre o que eu como. Preciso de ajuda para planejar uma dieta nutritiva e algumas estratégias para manter o programa com o meu estilo de vida agitado."
- Questões de crenças e valores: por exemplo, "Eu não tenho certeza se é suficientemente importante, ou mesmo possível, alcançar a minha meta de peso e parar por ali. Eu provavelmente mereço isso. Preciso desejar ser mais magro, mais forte e acreditar que é correto eu alcançar o que eu quero."
- Questões de identidade: por exemplo, "Eu me vejo como uma pessoa gorda. Eu preciso trabalhar para ter mais autoestima e uma autoimagem melhor."
- Questões "espirituais": por exemplo, "Eu sinto que existem coisas mais importantes e mais profundas na vida do que aparência. Preciso saber como perder peso ou alcançar minha meta de peso se relaciona com a minha missão ou finalidade na vida."
Historicamente, a maioria dos programas de controle de peso focaliza, principalmente, nos aspectos ambientais e comportamentais da perda de peso, fornecendo alguma instrução no nível das capacidades. Porém, dependendo da pessoa e da sua situação, o efetivo controle de peso envolve, até certo ponto, enfrentar alguns ou todos esses níveis. De fato, o sucesso no controle de peso no longo prazo sempre envolve enfrentar as questões no nível das crenças, valores e identidade.
Como um exemplo, uma questão chave no controle de peso é enfrentar o fenômeno dos "platôs" e das "recaídas". Provavelmente existem pessoas que, literalmente, perderam centenas de quilos durante suas vidas. O problema é que elas repõem tudo de novo. (Isso é popularmente conhecido como o "efeito sanfona"). Uma recaída, entretanto, não significa necessariamente que a pessoa falhou. Mas, certamente, será desta maneira que isso vai parecer para as pessoas. Ela pensa, "Além de não perder peso, eu estou de novo repondo peso. O que isso significa? Significa que eu estou zombando de mim mesmo? Ou significa que o plano de dieta não está funcionando? Será que isso significa que eu sou fraco?"
Claramente, platôs e recaídas são uma ocasião muito crítica para alguém tentando controlar seu peso. A possibilidade é que a pessoa fique abatida, desista e entre num retrocesso total. Aí ela termina de volta no ponto em que começou, ou ainda pior. É nessa hora, em particular, que a pessoa precisa as ferramentas apropriadas, o apoio e autopercepção.
Na perspectiva da PNL, platôs e recaídas ocorrem como resultado de um padrão natural no processo da mudança, conhecido como a "Curva de Bandura". No início do processo de perda de peso, a pessoa está preocupada principalmente se é ou não possível perder peso, e o que ela, supostamente, deve fazer a fim de que isso aconteça. Na hora da recaída, a pessoa sabe que isso é possível, e que ela é, pelo menos, parcialmente capaz. A pergunta então se torna se isso é ou não realmente tão desejável. Pessoas começam a se questionar. "Será que eu realmente quero isso? Eu realmente mereço?" Isso se torna mais uma questão de crenças e identidade. É totalmente diferente se questionar, "Será que eu posso perder peso?" do que se perguntar, "Agora eu vou ser uma pessoa magra para o resto da minha vida?" Elas não são, de modo nenhum, a mesma pergunta. Uma tem a ver com comportamentos e capacidades no curto prazo. A outra tem a ver com a identidade e o estilo de vida da pessoa.
No princípio, as pessoas pensam, "É óbvio que eu quero ser mais magro. É óbvio que eu mereço ser mais magro. Por que até você está perguntando? Eu só preciso saber o que fazer." Na hora do platô ou da recaída, a pessoa já sabe "o que" fazer. A questão se torna então "Quem sou eu, e por que eu realmente estou fazendo isso?"
Neste estágio, o tipo de apoio que a pessoa recebe não é apenas crucial para o sucesso dela nesta tarefa, mas também tem repercussões importantes em outros aspectos da vida dessa pessoa. Durante essa ocasião normal da recaída, a pessoa precisa de um apoio que não a julgue em vez de uma simples "torcida" ou uma crítica. A pessoa também precisa ter as ferramentas e as estratégias apropriadas para enfrentar os níveis mais profundos das questões associadas com o platô ou a recaída.
Uma contribuição muito importante da PNL para lidar com os obstáculos e a inconsistência na perda de peso é a noção da "intenção positiva"; em algum nível, todo comportamento tem (ou teve) uma "intenção positiva". Outra maneira de dizer isso, é que todo comportamento serve (ou serviu) a um "propósito positivo". A intenção positiva por trás de comer um doce, por exemplo, pode ser "conseguir conforto", "se recompensar". "Comidas confortáveis" (tipo de comida que a pessoa come quando está triste ou ansiosa, muitas vezes a comida que a pessoa comia quando criança) servem, muitas vezes, como propósito positivo de "mostrar apreço ou amor", "compartilhar uma boa experiência", etc. Logo que a intenção positiva por trás do comportamento aparentemente negativo for descoberta, fica muito mais fácil descobrir as alternativas. De acordo com a PNL, é importante ter, pelo menos, três escolhas que sejam, no mínimo, igualmente efetivas para satisfazer a intenção positiva do comportamento problema a fim de enfrentar, apropriadamente, o obstáculo.
O processo de identificar as intenções positivas e de criar novas escolhas, conhecido como "ressignificação" na PNL, ajuda a transformar a percepção de "autossabotagem" ou de "fracasso" de uma recaída da pessoa em um "feedback" sobre a descoberta de novas alternativas. Em vez de se sentir desconfiada, culpada ou envergonhada com as dificuldades, o reconhecimento das próprias intenções positivas da pessoa conduz a uma maior confiança dela em si mesma e fornece uma estratégia específica para encontrar outras alternativas em vez de ficar frustrado com o típico processo de "tentativa e erro" (ou "tentativa e horror" como é chamado muitas vezes).
Outras contribuições da PNL para o controle efetivo do peso incluem ferramentas para a motivação, o ensaio mental e para identificar e mudar as crenças limitantes. Crenças fortalecedoras envolvendo a esperança no futuro, um senso de capacidade e de responsabilidade, e um senso de valor próprio e participação são, muitas vezes, a chave para um controle de peso bem-sucedido.
A seguir está um resumo de algumas das ferramentas e estratégias básicas da PNL mais relevantes para um efetivo controle de peso.
1. Objetivos bem formulados – ajudar a pessoa a definir objetivos que devem ser expressos de modo positivo, sob controle da pessoa, específico e um ajuste ecológico com a vida dela.
2. Avaliação e verificação das crenças – verificar e reforçar as crenças necessárias para a mudança e estabelecer crenças fortalecedoras que ajudem a alcançar as metas e os objetivos desejados.
3. Ancoragem – criar pistas e gatilhos pessoais pela casa e pelo escritório para relembrar a pessoa das suas metas e colocá-la em contato com os recursos dela.
4. Estratégia de planejamento de Disney (sonhador-realista-crítico) – criar uma sequência de esboços executáveis conduzindo da visão para a ação ao planejar as etapas consecutivas da ação para um sonho ou uma meta.
5. Estabelecer e ensaiar novos hábitos comportamentais através do:
- Gerador de novos comportamentos – a visualização e o ensaio de novos comportamentos e respostas criativas para situações desafiadoras.
- Ponte ao futuro – fazer "ensaios" mentais das novas escolhas e comportamentos.
6. Estratégias de motivação – ensinar as pessoas a criarem imagens realistas, porém convincentes do futuro que as inspirem a fazer todas as coisas necessárias para conseguir o que elas querem e a desenvolver uma autoimagem mais positiva.
7. Processo do alinhamento de nível e Hierarquia de critérios – identificar e esclarecer os valores e as prioridades da pessoa, e criar congruência entre ambiente, comportamento, capacidades, crenças, valores e o significado do eu.
8. Ressignificação – descobrir outras maneiras de satisfazer as intenções positivas por trás do comportamento problemático com a comida. O processo de ressignificação também pode ajudar a enfrentar questões pessoais ecológicas, superar resistências e transformar o diálogo interno negativo para que ele dê mais apoio.
9. Mudando a história pessoal e o reimprinting – revisitar e reestruturar os eventos passados e os modelos de vida problemáticos com novos insights e recursos para aprender como enfrentar melhor o futuro. Isso ajuda a esclarecer o peso relacionado a questões com relação à história pessoal da pessoa.
É importante distinguir entre as questões do controle de peso e as desordens alimentares. O controle de peso efetivo no longo prazo pode, usualmente, ser alcançado com ferramentas, estratégias e apoio apropriados. Desordens alimentares, tais como anorexia, bulimia e obesidade envolvem, geralmente, problemas psicológicos e emocionais profundamente encobertos que podem exigir supervisão psicoterápica e médica.
Robert Dilts é desenvolvedor e especialista no campo da Programação Neurolinguística (PNL). Ele tem reputação global como um dos principais treinadores de habilidades comportamentais e consultor de empresas desde o final dos anos 70. Robert já proporcionou coaching, consultoria e treinamento em todo o mundo para uma variada gama de indivíduos e organizações.
Artigo original: "Weight Management" foi publicado na revista Anchor Point Nº45
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.