Imagine que você está assistindo a um espetáculo de múltiplo slides. Você sabe como é, quando de 3 a 5 projetores estão montados para projetar as imagens numa tela. Agora imagine que você foi solicitado a descrever, verbalmente ou por escrito, aquilo que você está vendo enquanto assiste a tudo isso. Frustrante? Isto é pouco. E é exatamente assim que se sente o estudante com sintoma do "Distúrbio do Déficit de Atenção" (DDA). Agora, para tornar isto ainda mais desafiante, imagine que o ritmo da apresentação dos slides comece aumentar, cada vez mais rápido. Ainda assim você tentará descrever aquilo a que você está assistindo. E, como golpe final para a sua sanidade, imagine que as imagens dos slides comecem, simultaneamente, a voar e a piscar e, que o seu bem estar emocional depende da exatidão do seu relatório.
Que tipo de emoções ou sentimentos que você acha que pode experimentar? Furioso? Oprimido? Tenso? Nervoso? Desorientado? Confuso? Seja bem vindo ao mundo da criança com o Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) ou com distúrbio Hiperativo do déficit de Atenção (DHDA).
O sintoma do DDA/DHDA é a condição que alguns indivíduos (crianças e adultos) experimentam e que se manifesta através de numerosos sintomas de comportamento. Os principais sintomas incluem um ou mais dos seguintes:
Hiperatividade - Eles não conseguem ficar parados. Eles estão constantemente se mexendo e irrequietos. Eles estão embaixo das cadeiras, das mesas ou subindo nos móveis.
Impulsividade - Eles se movem ou mudam de direção rápido demais. Eles estão fazendo uma coisa e então, de repente, começam a fazer outra coisa. Eles "agem antes de pensar!"
Distração - Eles não conseguem ficar focados em um pensamento ou tarefa. Eles estão executando uma tarefa e o menor ruído os interrompe.
Falta de organização - Eles não conseguem executar tarefas mais complexas, que exigem que eles organizem a tarefa maior numa série de passos. Alguém tem que dizer ou mostrar como fazer cada etapa.
Esquecimento - Eles esquecem as instruções. Eles esquecem de fazer coisas ou tarefas que foram mandados fazer. Eles começam a fazer algo e esquecem o que tinham que fazer.
Procrastinação - Eles têm dificuldade de iniciar e completar tarefas ou trabalhos. Eles estão constantemente adiando fazer as coisas. Parece que eles não conseguem "dar a partida".
Geralmente estes comportamentos vêm à tona na escola, frustrando tanto os professores quanto os outros alunos. Uma criança com sintomas de DDA/DHDA pode ser extremamente perturbadora da ordem numa sala de aula. O tratamento, amplamente difundido e aceito, é com remédios. Embora para alguns possa ser o único tratamento, sempre existem aqueles pais e profissionais que questionam a recomendação de colocar uma criança sob o efeito de remédios.
Tratamentos alternativos estão sendo pesquisados e um deles, atualmente investigado por este autor, é o uso da Programação Neurolinguística (PNL). A pesquisa usando a PNL é baseado na suposição de que é a experiência interna do indivíduo que está causando o seu comportamento difícil de entender. Os processos de modelagem da PNL tem sido usados para determinar a estrutura da experiência interna. A pesquisa em curso está sendo feita nas maneiras para alterar a experiência interna com o uso de varias técnicas e processos da PNL, e com isso, evitar a necessidade de drogas indesejáveis. Esse é um relatório desta pesquisa. A PNL é, algumas vezes, descrita como um conjunto de procedimentos sistematizados que permite o estudo do processamento da mente e os comportamentos resultantes.
A experiência Interna do DDA/DHDA
Vamos primeiro olhar o que nós descobrimos quanto à experiência interna do DDA. Algumas da mais importantes experiências internas que interagem para influenciar o comportamento do estudante com sintomas de DDA/DHDA são:
- eles percebem múltiplas imagens internas.
- estas imagens se movem rapidamente e algumas vezes desaparecem misteriosamente.
- as imagens muitas vezes ocorrem simultaneamente.
- existe uma forte resposta cinestésica (corpórea e/ou emocional) para estas imagens.
- eles não conseguem controlar nenhuma destas experiências internas.
Algumas das respostas mais comuns dos estudantes com sintomas de DDA para esta experiência interna que ele sentem como caótica são:
- Ou eles tentam responder fisicamente a tudo das suas experiências internas (por exemplo o ritmo das imagens) ou eles ficam frustrados e simplesmente abandonam sem nem ao menos tentar. O resultado final é uma pessoa que é ou hiperativa ou apática e passiva.
- Eles sentem que estão perdendo o controle e vão levar um longo tempo para controlar a sua experiência interna. O resultado é que eles levam uma enorme quantidade de tempo e de energia tentando ir mais devagar e/ou organizar suas experiências externas ou internas para que isto se torne manejável.
- Frequentemente eles ficam apavorados com a sua falta de controle e suas consequências na sua família. Na maior parte do tempo eles tem um sentimento de estarem totalmente dominados.
- Eles sofrem medo de rejeição e abandono porque eles sentem e acreditam que são "diferentes" ou "esquisitos". O feedback que eles recebem dos seus colegas, pais e professores muitas vezes confirmam estes receios.
- Seus níveis de hiperatividade e a intensidade da suas respostas emocionais parecem ser dependentes dos padrões que prematuramente suas famílias usaram para julgar e reforçar seu comportamento. Em outras palavras, quanto mais rigorosos e mais severos os pais, mais hiperativa será a criança. Mais tarde, essa resposta aprendida é transferida para os professores bem como para os colegas.
Por Que Eles Agem Desta Maneira?
Porque os portadores de DDA têm os sintomas de comportamento descritos anteriormente? Como pode a experiência interna que acabamos de descrever cria esses sintomas? Vamos refletir sobre alguns deles.
Hiperatividade – se você tem múltiplas imagens piscando simultaneamente na sua cabeça e se você tem a exigência do pai ou do professor para "agir direito" ou "se comportar", o que você acha que faria? Muitos indivíduos com DDA/DHDA respondem tentando controlar as imagens internas. E como os portadores de DDA são por natureza caracteristicamente mais cinestésicos, estas imagens internas movendo-se muito ligeiro geram uma abundância de energia nervosa. Eles agem para aliviar a tensão pelo MOVIMENTO.
Impulsividade – a impulsividade anda de mãos dadas com o comportamento hiperativo. Como o portador de DDA está tentando reagir fisicamente com a sua experiência interna tão rápido quanto possível, eles respondem muitas vezes "fazendo algo" antes que eles conscientemente se dêem conta de que não era necessário aquela intensidade na resposta. Essa natureza incontrolável deste fenômeno é similar ao comportamento compulsivo nas demais pessoas. A compulsão no portador de DDA simplesmente movimenta-se mais ligeiro e muda ainda mais rapidamente.
Distração – muitas vezes, a criança impulsiva acima descrita é rotulada também como distraída por que não consegue se manter focada numa atividade. Sua mente é tirada seguidamente da atividade que está executando por uma idéia que carregue mais peso cinestésico para ela. Um bom exemplo disso pode ser quando eles ouvem um barulho inesperado na sala de aula. Eles vão fazer imediatamente uma imagem mental da possível causa e vão ter que conferir olhando. Dependendo da natureza da distração e da importância que isso carrega internamente para eles, pode ser extremamente difícil eles voltarem a se concentrar.
Leve em consideração de que o portador de DDA está experimentando uma multidão de imagens movendo-se muito ligeiro nas suas mentes. Tentando acompanhar de 10 a 15 imagens diferentes e tentando selecionar respostas apropriadas para cada uma, seria fazer muitos de nós supersensíveis para estímulos adicionais.
Falta de organização - uma pessoa para ser organizada, deve ser capaz de visualizar um projeto no seu todo e priorizar os passos específicos que são necessários para completá-lo. Isto requer uma habilidade para estabilizar diversas imagens internas simultaneamente. Os portadores de DDA têm problemas para fazer isto porque as imagens se movem muito rápido.
Muitos portadores de DDA ainda não aprenderam como pegar a ideia geral e dividi-la nas partes componentes, ainda retendo a ideia geral. Nem eles tomam os pontos específicos nem generalizam o modelo que estão observando. Em um dado momento, eles são tanto generalistas como específicos. Por exemplo, se um estudante típico (sem DDA) tiver um projeto de ciências, ele sabe o objetivo geral do projeto, e os passos de que precisa para realizar o projeto. Ele será capaz de estabelecer a sequência de passos para completar o projeto eficientemente. Ele também será capaz de estabelecer o caminho a ser percorrido e o tempo necessário que levará para completar tudo. Um portador de DDA experimenta uma grande dificuldade para fazer isto.
Esquecimento – lembrar-se de algo, exige uma conexão clara e neurológica entre a pista externa a qual nos diz quando é hora de fazer algo e a experiência interna a qual nos diz o que fazer. Com todas as imagens internas que o portador de DDA está experimentando, é difícil para ele estabelecer esta conexão clara. Também, a coisa a ser lembrada deve carregar um significativo peso cinestésico para ele ou será esmagada por todas as outras imagens e esquecida.
Procrastinação – o que é rotulado muitas vezes como procrastinação é geralmente inação. A inação resulta de uma inabilidade em tomar uma decisão definitiva e final a partir da qual eles podem agir confortavelmente. Essa inação é o resultado natural de ser incapaz de processar o que está mudando rapidamente, isto é, excesso de informações na sua mente.
Dicas para Pais e Professores
A pesquisa usando a PNL está ainda em avanço com relação as maneiras de ensinar ao portador de DDA como administrar a sua mente ou a experiência interna. As intervenções da PNL que já foram tentadas mostram uma grande esperança. Uma base maior de pesquisa precisa ser feita antes que se possa fazer um anuncio. Entretanto, existem algumas coisas simples que os pais ou professores podem fazer para ajudar a aliviar a situação ou pelo menos para não torná-la pior.
1. Procure pela intenção positiva num portador de DDA. Eles estão fazendo o melhor que eles sabem como fazer. Aceite-os e os valorize como uma pessoa muito especial que está a um simples passo de ser um gênio. Eles estão somente tendo um tempo muito difícil em se ajustar ao sistema – tanto educacional como na família. O maior obstáculo a ser ultrapassado por um portador de DDA é que eles são rotulados como "estúpidos, esquisitos ou diferentes" como se algo estivesse errado com eles.
2. Ser verbal ou auditivo é o canal de comunicação menos importante para o portador de DDA. Eles vivem num mundo de imagens internas que se movem rapidamente e de respostas emocionais e físicas para estas imagens. Para eles as palavras são muito lentas e difíceis para processar e, possivelmente, não conseguem continuar com as imagens. Se você tiver que dar instruções para alguém com DDA, faça-os sobrepor as palavras com imagens internas de ação e faça-os sentirem seus corpos fazendo isso. Por exemplo, se você quiser que eles carreguem para fora o lixo e depois façam o tema de casa, faça-os verem e sentirem a si mesmos levando o lixo e então sentando e abrindo o seu livro da escola.
3. Na escola, tenha certeza de que eles aprendem visualmente. Eles precisam fazer imagens destas tarefas escolares tais como aprender a soletrar palavras, o significado das palavras e os fatos matemáticos. De fato, tenha certeza de que eles visualizem qualquer informação que eles precisem memorizar. Uma das maneiras para ter certeza de que eles estão visualizando é fazer com que eles repitam o material de trás para frente (da direita para a esquerda) ou fora da ordem natural a partir da sua imagem interna. Eles só podem fazer isso tranquilamente se eles tiverem uma boa imagem interna. E, quando eles lerem, eles também devem sobrepor as palavras em imagens internas com o sentido do material de leitura.
4. A lição que deve ser aprendida ou a tarefa a ser feita DEVE ter uma forte importância cinestésica para o portador de DDA. Eles podem fazer isso algumas vezes ao conseguir envolver fisicamente o seu corpo. Para tarefas que são mais "escolares" como leituras, fatos matemáticos, soletrar palavras, etc, eles podem fazer isso ao ligar a tarefa ou a lição ao seu próprio critério altamente valorizado. Em outras palavras, a lição deve estar conectada com algo MUITO IMPORTANTE PARA ELES. Então, e somente então, eles serão capazes de permanecer focados.
Sumário
Muitos portadores de DDA são muito inteligentes. De fato, as maiores qualidades das suas experiências internas que estão lhes causando os maiores problemas, são qualidades encontradas muitas vezes nas pessoas criativas que encontram a resposta para um problema. Muitas crianças e adultos sem DDA e que experimentam as mesmas múltiplas imagens nas suas mentes, têm uma habilidade para controlar suas experiências internas. Ao contrário, a criança ou adulto com DDA é controlada pela sua experiência interna.
A solução óbvia é ensinar ao portador de DDA como controlar sua experiência interna pois assim eles podem ser mais efetivos. Existem maneiras de fazer isso utilizando várias intervenções e processos da PNL. Esses processos incluem ensinar a criança com DDA/DHDA como controlar o número e a velocidade das imagens internas.
Essa tentativa de aproximação parece funcionar bastante fácil e rapidamente. A maioria da população em geral, bem como o portador de DDA, nunca pensou em fazer coisas diferentes com as suas mentes porque a maior parte do processamento interno é realizado fora do estado de consciência. Eles não se dão conta de que possa existir uma maneira melhor, e assim eles permanecem fazendo aquilo que eles sabem fazer. Em muitos casos, tudo que é necessário é alguma orientação de como fazer isso de modo diferente e de um modo que realmente funcione bem. A beleza da Programação Neurolinguística (PNL) é que ela oferece um grande conjunto de ferramentas que nos permitirão criar uma interface com o DDA neste nível.
Publicado no site de Don A. Blackerby e na Anchor Point de Dec/94
Tradução de JVF
Continuação: Intervenções da PNL que funcionam no Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA)